No dia 11 de Fevereiro celebra-se, por iniciativa das Nações Unidas, o Dia Internacional das Mulheres e Raparigas na Ciência.
A data pretende chamar atenção para as desigualdades de género que ainda existem no acesso à ciência e mostrar às meninas e raparigas de todo o mundo que a ciência é coisa de miúdas.
Ainda faz sentido celebrar esse dia?
Apesar dos avanços que temos verificados nos últimos anos nas desigualdades de género no acesso às profissões científicas a verdade é que a produção científica ainda é um “clube de homens” e a situação agravou muito durante a pandemia.
Vários artigos (como este ou este ) reportam que a produção científica de investigadoras mulheres baixou durante a pandemia, por outro lado a produção científica de investigadores homens aumentou. Por exemplo, em janeiro de 2020 as autoras mulheres representavam apenas 20% da produção científica sobre covid-19.
Este fenómeno poderá dever-se a uma desigual distribuição das tarefas familiares, em particular ao cuidado dos filhos. Com as escolas fechadas e as famílias em isolamento recaiu sobre as mulheres a responsabilidade de cuidar das crianças, enquanto os homens investigadores continuaram ou até intensificaram a sua produção científica.
Mesmo antes da pandemia, menos de 30% dos investigadores de todo o mundo eram mulheres. Portugal está um pouco melhor, com cerca de 41% de mulheres investigadoras nas diversas áreas científicas, mas apenas 28% nas engenharias por exemplo.
A verdade é que os estereótipos de género ainda são muito fortes e afastam as mulheres de carreiras científicas. As brincadeiras científicas e de exploração normalmente são dedicadas aos meninos e as ciências e as engenharias ainda são vistas como “profissões de homem”
Urge contrariar esta tendência e iniciativas como este dia são muito importantes para dar visibilidade ao problema e contribuir para soluções.