As pseudo-ciencias continuam a difundir-se na sociedade, apesar do acesso cada vez maior que todos temos à informação e ao conhecimento.
E se no passado estas se aproveitavas da ignorância e falta de cultura científica da população, os seus métodos são agora mais sofisticados e conseguem captar atenção de uma faixa da população que é formada e informada. Aproveitam-se dos nossos medos irracionais, da nossa sede de conhecimento, e da nossa constante vontade de mudar, de procurar algo novo e diferente.
Nesse sentido, surge este guia rápido para ajudar o incauto leitor na tarefa, tantas vezes difícil, de identificar pseudo-ciência.
Passo 1: Palavras difíceis
O recurso a um discurso complexo e de preferência com aspeto cientifico é sempre a primeira arma de uma pseudo-ciência. Aqui vamos ouvir falar de nomenclaturas químicas complicadas e de conceito esdrúxulos, os quais na maioria das vezes não fazem sentido ou são completamente descontextualizados.
O objetivo é mimicar a linguagem da ciência e dos cientistas, criando confusão no leitor e a ilusão de que há uma base séria de conhecimento na sua teoria quando não há.
Passo 2: Especulação
Expressões como “nós acreditamos”, “o que defendemos” “especialistas crêem” são muitas um sinal de que estamos na presença de pseudo-ciência. Estas afirmações são vagas e desprovidas de conteúdo ou fundamento. É também comum serem repetidas ad eàternum, para tentar reforçar uma mensagem vazia.
Faça-se as seguintes perguntas: Quais especialistas? Onde estão eles? Defendem baseados em que? Foram feitos estudos? Onde estão estes? Se não encontrar as respostas para estas perguntas, é provável que esteja perante pseudo-ciência.
Passo 3: Culpar uma grande industria
Na pseudociência há quase sempre uma grande industria a beneficiar do engano generalizado da população. Os alvos mais comuns são a industria farmacêutica, a agricultura e as grandes empresas energéticas, mas podem ser outras.
Passo 4: Culpar o governo
Este é mais um clássico da pseudo-ciência. Os governos estão sempre envolvidos, normalmente de conluio com as grandes indústrias do passo 3, na manipulação geral da população.
O benefício? Esse nem sempre é obvio, e muitas vezes não vai fazer qualquer sentido. Ainda assim vão tentar convencê-lo que, por exemplo, vender vacinas que causam doenças beneficia de alguma forma os governos.
Passo 5: Saúde
Segundo as pseudo-ciências o convencional, o comum, causa sempre problemas de saúde. Ora veja: o gluten, a lactose, as vacinas, a forma atual de cozinhar gorduras, os alimentos processados… todos eles são, segundo as pseudo-ciências, archi-inimigos da nossa saúde. A própria medicina tradicional é posta em causa, sendo vista como algo que defende os interesses das grandes industrias em vez do bem-estar das populações.
A solução passa sempre por negar o tradicional e aderir às técnicas alternativas, que são a) milenares, normalmente oriundas da Ásia, ou b) ultra modernas, resultado de técnicas ainda desconhecidas da ciência convencional.
Passo 6: Apelo à consciência ambiental
A pseudo-ciencia, seja ela qual for, é sempre mais sustentável, mais ambientalmente consciente, mais verde do que a alternativa convencional. O leitor é convencido que ao aderir à pseudo-ciência vai parar imediatamente as alterações climáticas, salvas as espécies em extinção, impedir a deflorestação da amazónia…